João Fernandes Vieira, "Castrioto Lusitano"

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João Fernandes Vieira, "Castrioto Lusitano"

Birthdate:
Birthplace: Funchal, Madeira, Portugal
Death: January 10, 1681 (84)
Olinda, State of Pernambuco, Brazil
Immediate Family:

Son of Francisco de Ornelas Moniz and Antónia Mendes, c.1583
Husband of Maria César Berenguer de Andrade
Partner of NN, II; Maria de Arruda; NN, I and Cosma Soares
Father of Manoel Fernandes Vieira; Carlos de Oliveira; Joana Fernandes César and Maria Joana César
Brother of Manuel de ornelas; Helena de Ornelas; Francisco and Antonia de Ornelas

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Last Updated:

About João Fernandes Vieira, "Castrioto Lusitano"

João Fernandes Vieira – Nasceu em 29/06/1596-Funchal/Ilha da Madeira/PT, filho do fidalgo Francisco de Ornelas Muniz e da mulata Antônia Mendes.

Em 1606, com 10 anos de idade, imigrou para a Capitania de Pernambuco, pois não era o filho primogénito - herdeiro de todo o legado dos pais, enquanto que os demais irmãos não tinham como se sustentar.

Fernandes Vieira se viu obrigado a emigrar para o “Além Mar”, para adquirir fortuna, como muitos jovens portugueses.

Assim que chegou em Pernambuco trocou o seu nome de Francisco de Ornelas Moniz Júnior, para João Fernandes Vieira, um disfarce muito usado pela corrente imigratória para o Brasil, que queriam esconder sua origem nobre, pois trabalhariam em serviços braçais.

Trabalhou como ajudante de mascate, em troca de comida e morada. Foi Auxiliar do Mercador Afonso Rodrigues Serrão, que ao falecer o deixou como único herdeiro do seu negócio e de casas em Olinda.

Durante a ocupação holandesa (1630), se alistou como voluntário de guerra. Em 1634, participou da resistência luso-brasileira no Forte de São Jorge.

Era Fernandes Vieira um homem de aspecto melancólico, testa batida, feições pontudas, olhos grandes, mas amortecidos, e de poucas falas, exceto quando se ocupava de si, pois desconhecia a virtude da modéstia.

Ativo, ambicioso e inteligente, durante a trégua estabelecida entre Portugal e a Holanda, estabeleceu ligações estreitas com os holandeses, o que lhe proporcionou ascensão econômica e social.

Associou-se ao judeu e Conselheiro Político da Companhia das Índias Ocidentais, Jacob Stachouwer, de quem fora feitor-mor, proprietário dos engenhos: Ilhetas (Nossa Senhora de França, ou Nossa Senhora de Guadalupe)/Serinhaém, Meio/Recife, Santana/Jaboatão dos Guararapes

Nota: Em seu testamento Fernandes Vieira declarou sobre sua aproximação com Stachouwer: “Declaro que no tempo dos holandeses por remir minha vexação e viver mais seguro entre eles, tive apertada amizade com Jacob Estacour, homem principal da nação flamenga, com diferença nos costumes, e com ele fiz negócios de conformidade e por conta de ambos (...)

Com a partida de Stachouwer e de seu sócio de Nicolaes de Rideer, Vieira, que era procurador bastante dos dois sócios, passou a lucrar com a administração dos engenhos e dos fundos do seu amigo e benfeitor Stachouwer.

Logo se apoderou dos engenhos: Guerra/Cabo de Santo Agostinho, Ilhetas, ou Nossa Senhora de França, ou Nossa Senhora de Guadalupe/Serinhaém, Meio/Recife, Santana/Jaboatão dos Guararapes e Velho ou da Madre de Deus/Cabo de Santo Agostinho, assumindo os débitos contraídos pelos dois sócios na compra das propriedades à Companhia das Índias Ocidentais (débito que nunca foi pago).

Se tornando depois um dos homens mais ricos da Capitania, proprietário de 16 engenhos e de mais de 1.000 escravos.

Em 1639, Fernandes Vieira é indicado como Escabino (membro da Câmara Municipal) de Olinda. Escabino de Maurícia (Recife) de 07/1641 a 06/1642, sendo conduzido ao cargo de 1642/43.

Vieira também foi Contratador de dízimos de açúcar da Capitania de Pernambuco e de Itamaracá, e representantes dos senhores portugueses da Várzea do Capibaribe na Assembleia convocada pelo Conde Maurício de Nassau para assuntos do governo (1640).

Embora fosse um dos mais importantes senhores de engenho da Capitania, para ser incorporado à nobreza rural de Pernambuco, em razão de sua suposta cor parda, de seu “defeito mecânico” (trabalhos manuais) e de sua “falta de qualidade de origem”, teve que contrair matrimônio para poder ascender na sociedade luso-brasileira. Casamento 01(1643): D. Maria César, filha do madeirense e senhor de engenho Francisco Berenguer de Andrade (eng. Giquiá/Recife), pessoa de boa estirpe perante o clã dos Albuquerque, e de sua primeira esposa Joana de Albuquerque. S.g.

Com o casamento Fernandes Vieira que já era colaborador e conselheiro em assuntos brasileiros do governo holandês se torna um dos homens mais importantes da Capitania, com apoio da comunidade luso-brasileira através do seu prestígio econômico e social, das suas doações para igrejas, confrarias e pessoas necessitadas.

Fernandes Vieira era um dos maiores devedores da Companhia das Índias Ocidentais, com uma dívida estimada em 219.854 florins, que nunca foi paga, pois alegou no seu Testamento que os chefes holandeses "são devedores de mais de 100 mil cruzados [...] de peitas e dádivas a todos os governadores [...] grandiosos banquetes que ordinariamente lhes dava pelos trazer contentes". Após a partida do Conde Maurício de Nassau (1644) Vieira viu a intensificação da insatisfação do povo pernambucano, e percebendo as vantagens econômica e social, a serem alcançada com a expulsão dos holandeses e da Companhia das Índias Ocidentais passou para o lado dos Insurrectos pernambucanos.

Reúne-se com várias lideranças rurais nas matas do engenho Santana, onde traçam os planos para expulsar os holandeses do Brasil. Como contragolpe, lança a campanha de Restauração de Pernambuco, servindo-se da mesma táctica manhosa dos inimigos e passa a circular nos dois lados: holandeses e luso-brasileiros.

Logo os holandeses o chamam para ser agente de negócios da Companhia e membro do seu Conselho Supremo, ficando Vieira, conhecedor de todas as tramas e recursos.

Escreve a D. João IV pedindo-lhe licença para resgatar as Capitanias invadidas da mão dos usurpadores, ao que o Monarca se opõe.

Descobrindo os holandeses os seus intentos, atraíram-no ao Recife, mas Vieira iludiu-os e pôs-se em campo, levantando o pendão da Liberdade em Pernambuco – de fazenda em fazenda, de engenho em engenho incentivando a Revolução e declarando traidores os que não seguissem a sua causa.

O Conselho holandês põe a cabeça de Vieira em prêmio e em resposta Fernandes Vieira põe preço a cabeça dos membros do Conselho e se torna um dos líderes da chamada Insurreição Pernambucana e um dos heróis da Restauração de Pernambuco.

Segundo José Antônio Gonçalves de Melo: A insurreição de 1645 foi preparada por senhores-de-engenho, na sua maior parte, devedores a flamengos ou judeus da cidade. Foi nitidamente um levante de elementos rurais, no qual tomaram parte, negros escravos, lavradores, pequenos proprietários de roças, contratadores de corte de pau-brasil, e outros.

Fernandes Vieira participa da guerra contra os holandeses e, vence junto com sua tropa, a Batalha das Tabocas em Vitória de Santo Antão/PE, em 03/08/1645, e a Batalha de Casa Forte/Recife, junto aos heróis: André Vidal de Negreiros, Henrique Dias e Felipe Camarão, em 17/08/1645.

Após a tomada do engenho Casa Forte, Vieira voltou com seus homens ao seu engenho São João/Recife-Várzea do Capibaribe, e de lá iniciou um sistema de estâncias militares, espécie de fortificações onde pudessem estar seguros e guardar pólvora e munições de guerra.

Com a Batalha dos Guararapes, sob o comando do General Barreto de Meneses, em 19/04/1648 e 19/02/1649, os holandeses são finalmente vencidos e expulsos de Pernambuco e, como recompensa pelos serviços prestados na guerra João Fernandes Vieira é recompensado pelo Rei D. João IV com os cargos: de Governador da Paraíba (1655/57), Capitão General do Reino de Angola (1658/61) e Superintendente das Fortificações de Pernambuco e das Capitanias vizinhas, até o Ceará, (1661/81).

Depois do tratado de paz entre Portugal e a Holanda (1661), Fernandes Vieira figurava em 2º lugar na lista de devedores dos brasileiros à Companhia das Índias Ocidentais, com o débito de 321.756 florins, cuja dívida nunca foi paga.

Já idoso Fernandes Vieira encomenda ao Frei Rafael de Jesus um livro sobre a sua vida, exaltando seus feitos, a exemplo do que Gaspar Barléu havia escrito sobre o conde Maurício de Nassau, surgindo assim o Castrioto lusitano, no qual o autor o compara ao príncipe guerreiro albanês Jorge Scanderberg Castrioto, que lutou intensamente contra os turcos e a Sérvia pela recuperação da Albânia, que havia sido anexada à Turquia.

Vieira falece, com 85 anos de idade, em 10.01.1681em Olinda, mas só em 1886 seus restos mortais foram descobertos na capela-mor da igreja do Convento de Olinda.

Em 1942, seus ossos foram trasladados para a Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes, sendo depositados na parede da capela-mor, com uma inscrição comemorativa.

Senhor dos engenhos: em Pernambuco: Abiaí, do Meio, Cumaúpa, Ilhetas, Jacaré, Molinote, Santana, Santo André; Santo Antônio; São João (antes Nossa Senhora do Rosário), Tibiri de Baixo, Tibiri de Cima; na Paraíba: Inhaman, Inhobim ou dos Santos Cosme e Damião, Gargaú e São Gabriel.

Fontes: BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarquia Pernambucana. Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro Anais 1885-1886 Vol. 13; 1902 Vol. 24; 1925 Vol. 47; 1926 Vol. 48

CALADO, Frei Manoel. O Valeroso Lucideno e triunpho da liberdade, Edições Cultura, São Paulo, 1943, tomo I, p. 318 e tomo II, p. 12, 14

Diário de Pernambuco. Os Holandeses em Pernambuco – Uma História de 24 anos. João Fernandes Vieira. Publicado em 22.09.2003.

Fontes para História do Brasil Holandês – 1636, Willem Schott. A Economia Açucareira. Inventário feito pelo Conselheiro Schott Cia. CEPE, MEC/SPHAN/Fundação Pró-Memória Local: Recife, 1981

Francisco Adolpho de Varnhagen, E. e H. Laemmert, 1857. Historia geral do Brazil, Volume 2.

GASPAR, Lúcia. João Fernandes Vieira. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: http://basilio.fundaj.gov.br

MELLO, José Antônio Gonsalves de. Restauradores de Pernambuco: biografias de figuras do século XVII que defenderam e consolidaram a unidade brasileira: João Fernandes Vieira. Recife: Imprensa Universitária, 1967. 2

SANTIAGO, Diogo Lopes, História da Guerra de Pernambuco, Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, Recife, 1984, p. 258.


Nobiliarchia Pernambucana, de Antonio Jose Victoriano Borges da Fonseca. Coleção Mossoroense, serie C, volume 819, 1992. Fidalgo da Casa de Sua Majestade e de seu Conselho de Guerra, Alcaide Mor da Villa de Pinhel, Comendador das Comendas de Sao Pedro de torradas, e de Santa Eugenia de Ala, na Ordem de Cristo, Restaurador de Pernambuco, Superintendente das suas fortificações, Governador da Paraíba, e Capitao General do Reino de Angola. Pagina 161. vol 1


“João Fernandes Vieira não deixou filhos do seu casamento com D. Maria César [...]. Entretanto, de outras mulheres houve ‘alguns bastardos, que não excusão cuydados à conciencia’. É dessa bastardia que vem a sua descendência” (MELLO, 2000, p. 431-432)

MELLO, J. A. G. DE. João Fernandes Vieira: mestre-de-campo do terço de infantaria de Pernambuco. Lisboa: Gráfica Maiadouro, 2000.

"Siará Grande- Uma Província Portuguesa no Nordeste Oriental do Brasil"- do autor Francisco Augusto de Araújo Lima, volume I página 13

148- Engenho Sob a Invocação de Santo André - do genealogista Fábio Arruda de Lima. Ele possuiu mais de 1000 escravos e 16 engenhos localizados em Pernambuco e Paraíba: do Meio, Ilhetas, Sant 'Ana, Santo Antonio, Sao Joao, Inhobim ou dos Santos Cosme e Damiao, Sao Gabriel, Gargaú, Inhaman, Molinote, Cumaúpa, Jacaré, Abiaí, Tibiri de Baixo, Tibiri de Cima e Santo André.

155- Engenho Massangano - sob a Invocação de Nossa Senhora de Guadalupe, do autor Fabio Arruda de Lima.

51- Engenho – sob a invocação de São João Batista, na Várzea do autor genealogista Fabio Arruda.

149- Engenho sob a Invocação de São João Batista - do genealogista Fábio Arruda de Lima.

160- Engenho Inhobim (ou Amstel) – sob a invocaçãoo de São Cosme e Damião - do genealogista Fábio Arruda de Lima.

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